Namíbia: Mochilão pelo deserto mais seco do mundo

Namíbia: Mochilão pelo deserto mais seco do mundo

A Daniela Menti veio nos contar sobre mais uma de suas experiências em viagens

        Quando conto que fui para a Namíbia em fevereiro com dois amigos  é comum é um pouco cômico ver a reação das pessoas de 'onde diabos fica isso?'. A Namíbia nunca foi um destino de viagem que eu tivesse planejado até eu ir no cinema assistir a Mad Max: Estrada Furiosa e me apaixonar por aquele cenário de um mundo distópico.  Convenci meus amigos a encaixarmos o país no nosso mochilão. Enchemos nossas garrafas, montamos um ótimo suprimento de pão com manteiga de amendoim para os 3 dias no deserto.

Mad Max: Fury Road. (IMDB)


        A República da Namíbia fica entre a Botswana e a África do Sul, foi colônia alemã durante a Primeira Guerra Mundial explicando o fato do Alemão ser um dos idiomas oficiais do lugar. O que faz com que a Namíbia seja tão incrível é seu deserto. Os níveis de chuvas são muito baixos e em alguns pontos como no Deadvlei, é inexistente.   Chegamos em Windhoek, a capital, depois de 3 conexões e muitas horas de vôo.

Aeroporto Internacional Windhoek

        Primeira parada: Windhoek

        A capital da Namíbia é grande e bem desenvolvida em questão de transportes, saneamento, e facilidades. As placas de trânsito estão normalmente em Inglês e Alemão. Porém a Namíbia, por ter sido governada pela Africa do Sul em 1920 recebeu o presente da famosa 'mão inglesa'. Então é claro que quase fui atropelada diversas vezes por olhar o lado contrário ao atravessar a rua.

Windhoek

        Nosso plano aqui era simples: trocar dinheiro, comprar comida, dormir e partir de manhã cedo para o deserto, assim poderíamos ver o sol nascer. Conseguimos? Não. Primeiro: mesmo sendo uma cidade muito grande, praticamente tudo fecha às 17:00. Nem o tio do dogão da esquina tava trabalhando depois desse horário. O único estabelecimento aberto era uma loja de conveniência caríssima onde compramos muita água, pão e manteiga de amendoim para nossa jornada no deserto. Lindo não?

E a manteiga de amendoim nos acompanhou por toda viagem

        Calculando as possíveis rotas, vimos que teríamos que sair muito antes do previsto para pegarmos o nascer do sol, decidimos partir de Windhoek às 2:00 da manhã. Como estávamos com um carro alugado, não foi problema.

Nascer do sol logo depois de encontrarmos as zebras no caminho

        Segunda Parada: Solitaire

        Solitaire fica um pouco antes do Parque Nacional de Naukluft e é o único ponto entre a capital e o deserto que você vai encontrar um posto de gasolina, então é parada obrigatória. As rodovias são bem asfaltadas e sinalizadas até a metade do caminho, depois disso começa a estrada de terra, mesmo assim, muito bem cuidada, sem buracos, e com placas de sinalização a toda hora. Chegamos em Solitaire muito tarde, quase as 8 da manhã. Nosso atraso deu-se a um simples detalhe: uma manada de Zebras no meio da estrada, ficamos tão assustados, emocionados e enlouquecidos com as benditas zebras que ficamos quase 1h parados esperando elas saírem do caminho.

        Outra coisa que a Discovery não mostra, o brasão de armas da Namíbia tem esse bicho chifrudo lindo. Também demos de cara com um deles no caminho. O Oryx é muito famoso por lá, e depois que nos acostumamos a encontrá-los pelas estradas, encerramos a seção de fotos e seguimos nosso destino.

        Solitaire é uma cidade fantasma que além do posto, da padaria e dos banheiros, tem muitas carcaças de carros antigos, fazendo um cemitério de máquinas que você pode explorar e fazer muitas fotos.

        Terceira Parada: Sossusvlei

        O deserto de Sossusvlei fica a uns 60 km de Solitaire. Você pode entrar com o carro até parte do caminho, depois disso é preciso pegar um transfer 4x4 lá dentro mesmo. Tem uma pequena taxa de entrada no parque que você paga no início. Existe a opção de camping neste parque também. Em Sossusvlei são três pontos a serem vistos: A duna 45, a duna Big Daddy e o Vale da Morte (Dedvlei).



        Duna 45 e Big Daddy

        A duna 45, fica no quilometro 45. Você estaciona na base dela, e pode tentar subi-la. Ela parece bem tranquila, mas a areia é tão fina que a cada 3 passos você volta 2. Sem falar no calor e no sol absurdo. Mas vale a pena, a vista é incrível. Porém fiquei sem energia de subir a Big Daddy.

Subindo a duna 45

        Deadvlei

        Ok essa é a parte mais épica da viagem. O Vale da Morte como o nome diz, é uma extensão de terra, que foi cercada por uma cadeia de montanhas que impede que haja umidade no local, isso fez com que as árvores secassem e se retorcessem até a morte. O contraste da areia branca com a madeira negra e as dunas vermelhas faz uma cena digna de um quadro do Van Gogh.

        Para chegar lá, somente com 4x4. Contratamos lá na hora, por 90 dólares namibiano (1 dólar namibiano = 0,08 dólar americano).É um carro tipo safári que aparece nos desenhos do pica-pau, com um motorista loucão que te deixa na borda do vale. É preciso fazer uma caminhada de 30 minutos, sozinhos no deserto, até o vale. Esses 30 minutos se transformaram em 2 horas pois erramos o caminho.

 

        Quarta Parada: Canyon Sesriem

        Aqui foram filmadas as cenas que a Imperatriz Furiosa negocia com os motoqueiros para poder fugir. Ele fica a uns 20 minutos de Sossusvlei seguindo uma estrada péssima de terra. O Canyon tem muitas entradas e saídas, cuidado para não ficar andando em círculos.

        Quinta parada: Rietoog

        Rietoog fica a quase 3 horas do parque de Sossusvlei, e é uma cidade no meio do nada, literalmente. O lugar em que ficamos era um bangalô, no meio das montanhas. A noite tínhamos a vista do céu estrelado. Tínhamos a opção de seguir até a praia de Walvis Bay no dia seguinte, mas gostamos tanto de Rietoog que ficamos por lá mais tempo até retornarmos para a capital.

Nosso bangalô em Rietoog

        Algumas dicas úteis se você tiver planejando uma aventura por lá.

        Se você tiver alguns dias a mais, sugiro conhecer a Skeleton Coast, no norte. É uma faixa da costa repleta de navios pesqueiros naufragados.

        Tribo Himba: Eu sou um pouco receosa com turismo que envolva exploração de costumes, mas se você quiser conhecer um pouco mais da cultura local, a Tribo Himba, no noroeste, é uma opção a ser visitada. Mas não pode ser feita por conta própria, deve-se contratar um tour.

Tribo Himba - Catraca Livre

        Fish River Canyon - É um desfiladeiro quase na fronteira coma África do Sul, você pode planejar visitálo, saindo de Cape Town.

        Sobre a pergunta que mais ouço: Você fez safari no Parque Etosha? Não, não fiz o safari. Infelizmente achei os preços muito fora do meu orçamento e eles requerem mais tempo. Mesmo sem ter feito, vimos muitos animais pelo caminho, já foi bem recompensador. Quem sabe na próxima eu faço!

        O que levar: Muita água, mas muita água. O deserto é muito seco e você faz muito esforço. Protetor solar e labial são indispensáveis. Não pense em ficar com pouca roupa pr que está calor, o sol queima mesmo, vai por mim! Se possível, levem suprimentos melhores do que pão e manteiga de amendoim. Respeite a natureza e respeite seus limites.

        Para quem quer viajar e não encontrar milhares de ônibus de excursão, lojinhas turísticas e toda essa parafernália turística, eu super recomendo a Namíbia como opção para sua próxima aventura.

 

 

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